Terrorismo de Estado e sindicalistas
[Por Nicolás Buenahora, ANNCOL]
Em agosto de 2003 o vice-presidente Francisco Santos em um conselho de segurança celebrado na cidade de Barranquilla, a propósito das mortes e ameaças que vinham acontecendo nesta cidade por parte do autodenominado MASIN – Morte a sindicalistas – denunciou que "os inimigos do sindicalismo são muitos, porém, sobretudo os paramilitares e empresários que não querem organizações sindicais". (O Heraldo 21 de agosto de 2003).
Por estas palavras a associação de empresários deu-lhe reprimendas e exigiu que moderasse seus pronunciamentos. Porém a "moderação" chegou a um ponto tal que o vice-presidente tenta, de modo desesperado, impedir que os sindicalistas da Colômbia e da América Latina expressem livremente seus pensamentos diante do conflito social, político e militar que vive o país, tal como se expressaram no XI Seminário Internacional sobre a Esquerda na América Latina, realizado em Quito, Equador.
As contundentes conclusões do seminário, de não declarar as FARC-EP grupo terrorista, "atiraram pedra " ao inepto vice-presidente e obrigaram-no a convocar a imprensa para ecoar seus alaridos histéricos, segundo ele, buscando a solidariedade do governo equatoriano para que igualmente condenasse as conclusões do seminário. Com isso, Fachito Santos mostra que o regime uribiano é completamente fascista e pretende a homogeneização de todos os colombianos, impondo a visão do regime narco-paramilitar e oligárquico a sangue e fogo.
Porém assim como as conclusões do seminário, a respostas de Enrique Guzman, líder do Movimento Popular Democrático foram determinantes: No MPD não declararemos jamais de terroristas as FARC, porque são um povo que está lutando com a forma de luta que eles consideram que seja a que corresponde ao país. Respeitamos todas as formas de luta".
A soberba que enche de sangue a cabeça do 'cabeça louca' de Francisquito, faz-lhe esquecer que o Estado colombiano através de suas forças militares convocou os diferentes setores econômicos e do narcotráfico para organizar os grupos paramilitares que por mais de 3 décadas são os que maior "proveito" tiraram da "combinação das diferentes formas de luta. Em balanço realizado pelas promotorias seccionais – as mesmas que não fazem nada para esclarecer os crimes contra os trabalhadores – é reconhecido que entre 1995 e 2007 foram assassinados a 1.165 sindicalistas, dos quais mais de 95 % estão em total impunidade.
Ademais, a CUT informou que "Em 21 anos (1986 a 2006) foram assassinados, na Colômbia, 2.515 trabalhadores sindicalizados. Esta cifra, sem maiores explicações, é um genocídio; por isso, não pode se deixar de lado, com afirmações, como a de que na Colômbia já não se assassinam sindicalistas; a realidade é que foram assassinados 2.515 e continuam sendo assassinados, basta olhar as cifras recentes, no ano de 2002: 186 (94 deles educadores); 2003: 94 (46 deles educadores); 2005: 70 (44 deles educadores); 2006: 72 (35 deles educadores); e a 30 de junho 2007: 18 (9 deles educadores)".
Fachito pretende ocultar que durante sua administração – e a de seu chefe – foram assassinados pelo menos 536 sindicalistas e que se comprovou e até condenou que multinacionais como foi o caso de Chiquita Berands, Coca-Cola e Drummond, tenham pago para assassinar a seus operários e sindicalistas (por certo, onde está o pedido de extradição que disse que seria feito no caso da Chiquita Brands?)
Pachito que levanta a voz aos sindicalistas e aponta para eles com dedo inquisidor para que sejam assassinados, meteu a língua não sei onde para fazer calar sobre a lista de sindicalistas assassinados que Jorge Noguera Cotes elaborava das oficinas do Departamento Administrativo de Segurança (DAS), e eram entregues a "Jorge 40" para sua execução, funcionário que recebia as diretrizes diretamente da presidência e vice-presidência.
As diversas formas de luta, às quais o vice Fachito disse condenar, não são mais que a resposta por parte do movimento social ao Terrorismo de Estado praticado pela oligarquia colombiana através dos diferentes níveis do estado como seu aparato militar, re-forçado hoje com as hordas paramilitares, as mesmas que a sangue e fogo puseram os votos para que Fachito desfrutasse uma lua de mel com o poder.
Total impunidade
Porém, por sorte, nem em Álvaro Uribe nem muito menos em Facho Santos, ninguém acredita neles a nível internacional. Assim como respondeu Enrique Guzmán, já o havia feito o representante Phil Hare, líder sindicalista de sindicatos Estadounidenses, que disse, sem batatas na língua, numa rodada da imprensa que "se tivesse nascido na Colômbia, certamente não estaria aqui", em ocasião de uma das tantas visitas que Uribe fez ao congresso Estadounidense para pedir que mais Chiquita Brands e mais Coca Cola se estabeleçam na Colômbia e dêem mais dólares para fazer a Guerra contra o povo colombiano.
Não apenas seus "sócios' do norte, mas centenas de organizações Européias exigem incansavelmente os resultados das inumeráveis "investigações" pelos milhares de assassinatos que foram cometidos a partir de instâncias estatais e narcoparamilitares sem que até a data, nem Alvarito nem Fachito, através de sua promotoria paramilitar, tenham podido mostrar um só culpado, apesar de que as listas parecem ter sido elaboradas nos mesmos escritórios da Casa de Nariño (Assim como a 'lista negra" de refugiados políticos contrários ao regime uribiano elaborada pelo próprio Fachito Santos).
O que oferece o governo de Uribe
Além dos assassinatos e a total impunidade que reina no governo de Uribe e FAcho, estes estão impondo à classe trabalhadora – através do Terror – pensões muito abaixo do salário mínimo, a privatização do Instituto dos Seguros Sociais – já saqueado - e a organização da Colpensiones (Companhia Colombiana de Pensões) para que esta assuma as pensões dos jubilados pelo instituto. Ou seja, guilhotina pura para aqueles que são os que criam as riquezas aos poderosos.
Por isso, nada mais sadio, necessário e justo que os trabalhadores colombianos debatam na Colômbia e em instâncias internacionais a solução à tão aberrante estado de coisas e criem os meios indispensáveis para alcançá-la. Nem os Fachitos, nem os Alvaritos, nem os Lleritas, nem ninguém da oligarquia poderá evitar-lo porque isso corresponde não à oligarquia, mas ao movimento popular.