"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sábado, 28 de julho de 2007

O pós-conflito da Frente Nacional

"Na guerra sectária entre liberais e conservadores, ganham plenamente os conservadores "laureanistas", pois no militar nem uma só de suas estruturas armadas entrega um canivete ou se desmobiliza, enquanto que pelo contrário, todos os grupos orientados pelos liberais entregam seus fuzis e se desmobilizaram", escreve Pinzón Sánchez.


Uribe pretende converter a Colômbia em uma só vala comum.


[Alberto Pinzón Sánchez/ANNCOL]


Com o pacto assinado nas praias de Cataluña em 1957, entre o chefe conservador falangista Laureano Gómez e o chefe liberal pan-americanista e maltusiano Alberto Lleras; se deu por concluído politicamente o período chamado de a "violência bipartidarista" (liberal conservadora) e se inicia uma longa e tortuosa etapa da vida colombiana, que os politólogos atuais chamam "o pós-conflito", e o povo laborioso recordará como a Frente Nacional.


Na guerra sectária entre liberais e consevadores ganham plenamente os conservadores "laurenistas", pois no militar nem uma só de suas estruturas armadas entrega um canivete ou se desmobiliza, enquanto que pelo contrário, todos os grupos orientados pelos liberais entregam seus fuzis e se desmobilizam. E no político, se impõem as idéias anticomunistas e corporativistas do nacional-catolicismo laurenista, atreladas ao "pan-americanismo" norte-americano e ao maltusianismo do ex-secretário geral da OEA, Alberto Lleras Camargo.


E é precisamente a quem o povo colombiano em sua sabedoria chamou Mister Lleras, a quem durante seu governo iniciado em 1958 que corresponde montar e deixar funcionando toda a estrutura "reformada" de poder e dominação oligárquica do pós-conflito, mediante vários processos reformistas de centralização, que entregam sua direção ao governo dos EUA.


  1. Reforma da instituição militar para que aceite que seja controlada pelo partido unificado da Frente Nacional e estreite sua vinculação e participação juntos aos "grêmios da produção" no desenvolvimento do mercado interno do país.
  2. Reformas bi-partidaristas representadas como "democráticas" em toda a administração pública para garantir a distribuição eqüitativa entre os membros dos partidos segundo o pactuado.
  3. Consolidação do poder político central nacional sobre as regiões em conflito.
  4. Titulação e legalização do despejo das terras obtidas na guerra mediante juizes e tribunais especiais.
  5. Reforma para concluir a demolição dos sindicatos de orientação comunista e aborto do processo de tomada de consciência classista dentro movimento guerrilheiro.
  6. Reforma maltusiana para o controle de natalidade em todo o sistema de saúde centralizado na Pró-família.


A negociação entre o poder civil e poder militar é estabelecida por Lleras Camargo no famoso discurso do teatro Pátria de Usaquén (09 maio 1958) pouco antes de sua posse presidencial, onde o poder militar de Colômbia controlado pelo alto comando do Exército Norte-americano a partir de sua participação direta na guerra da Coréia(1954), aceita desde esse momento o mando civil único do presidente da república sobre si, em troca de benefícios chamados "foros militares" com os quais passa a comandar de maneira "exclusiva" a chamada Ordem Pública, como se fosse mais um assunto militar da guerra fria mundial.


"As Forças Armadas, disse solene e retoricamente Lleras Camargo naquela ocasião, não podem deliberar na política porque a ação política é feita para toda a nação, porque a nação sem distinção de grupos, raça ou afiliação religiosa ou política lhes outorgou suas armas, o Poder Físico, junto à obrigação de defender os interesses comuns, lhes conferiu direitos especiais, os exonerou de muitas regras que governam a vida civil, diante de uma condição: não permitir que todo o peso de seu poder recaia sobre os cidadãos inocentes". Porém nunca especificou quem eram aqueles inocentes.


O exército e a polícia reformados são orientados a impulsionar as reformas funcionais de acordo com o planejado no pacto frente nacionalista, com a concepção expressada um pouco depois na revista das Forças Armadas pelo general Ruiz Novoa, um de seus comandantes mais destacados na guerra da Coréia e contida na seguinte idéia que virou palavra de ordem: "A defesa contra o comunismo não reside tão somente na força das armas; ela se encontra na eliminação das desigualdades sociais seguindo as normas democráticas e cristãs".


Os militares como instituição reformada se retiram das chamadas "disputas eleitorais" e da administração pública, que reorganizada se converte em despojo eqüitativo das duas vertentes do partido único da Frente Nacional, para integrar-se diretamente mediante os sonhados planos de ação "cívico-militar e reabilitação" , ao "desenvolvimentismo democrático" que os Estados Unidos impulsionam para toda a América Latina, como resposta à guerra fria contra a expansão do comunismo soviético.


Os chamados "grêmios da produção" (cafeicultores, pecuaristas, industriais, exportadores, grandes comerciantes, banqueiros, etc), triunfantes, cobram o apoio brindado ao presidente Lleras Camargo em sua luta contra o governo militar de Rojas Pinilla, reforçando seus planos corporativos para o desenvolvimento do mercado interno do país, e conseguem vincular estreitamente neles à instituição militar para que mediante suas ações desenvolvimentistas cívico-militares e de reabilitação, os levem ao último rincão do território colombiano. É a origem da íntima fusão que se observa agora madurada no atual militarismo dos grêmios colombianos, com seu ideal territorial de "Nação".


Obtido o controle político nacional sobre as regiões em conflito e concluído o despojo de terras nas zonas cafeteras, esmeraldeiras e nas planícies, com o governo de Lleras Camargo; os Bandoleiros e Paramilitares oficiais (chamados pássaros) deixam de ser úteis e sem ter já o apoio da maioria dos diretórios regionais liberal ou conservador que se reconciliaram, o governo e o exército procedem a eliminar aos mais notórios e sanguinários, enquanto outros como Zarpazo Buitrago ou o mariachi Oviedo, são utilizados como guias na luta que inicia ao final de sua presidência, contra os guerrilheiros gaitanistas e comunistas sobreviventes da guerra de Villarrica e o oriente tolimense (desatada pelo derrotado ditador Rojas Pinilla) e que tem aceitado a desmobilização mas não a entrega de armas.


Nessa luta por desarmá-los, subirá o seguinte presidente da Frente Nacional, o conservador caucano (oriundo do Estado do Cauca) Guillermo Leon Valencia (1962 -1966), diante da promessa de destruir as repúblicas comunistas independentes de Marquetalia e Riochiquito, e adquirirá sob orientação e dotação do governo americano um desenvolvimento e caráter diferente: Se tornará uma guerra contra-insurgente anti-comunista, que o exército colombiano, assistido por planos militares recorrentes elaborados em Washington e sem nenhuma idéia própria, prolongou-se até os dias de hoje baseado em sua experiência da guerra da Coréia, muito apesar das mudanças ostensivas que teve o mundo em sua globalização neoliberal.


Esta é, pois, a experiência didática, do pós-conflito da chamada violência bi-partidarista colombiana, que bem devem considerar os cientistas políticos do regime, que sonham em repeti-la agora como se se tratasse de algo inovador e original.



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