Colômbia recusa o visto de saída ao ganhador do prêmio de direitos humanos e sindicais
[Por Europa Press]
“Ao reconhecer esta honra a Raquel Castro e Samuel Morales, a IE também reconhece neles aos milhares de docentes e sindicalistas colombianos que têm pagado com sua liberdade e, inclusive, com suas vidas para exercer seus direitos sindicais, obter justiça social e educação de qualidade para todas as crianças colombianas”, acrescentou Nxesi.
Num e-mail aos companheiros docentes e defensores dos direitos humanos, Morales disse que tanto Castro como ele queriam compartir o prêmio com eles.
“Este prêmio representa o sacrifício e esforço de muitos homens e mulheres que entregaram sua vida e sua experiência à defesa dos direitos fundamentais. É também um reconhecimento aos que nos ensinaram e guiaram neste árduo trabalho”, escreveu Morales.
Os dois colombianos foram selecionados para o prêmio por sindicatos de docentes de Reino Unido e Austrália em reconhecimento a seu enorme valor e compromisso frente à repressão. Colômbia segue sendo o lugar mais perigoso do mundo para ser sindicalista. A Comissão Colombiana dos Direitos Humanos inclui a 33 sindicalistas docentes assassinados nesse país no ano passado, e faz tão somente um mês outro docente foi assassinado.
Este mês, Anistia Internacional emitiu um informe de 55 páginas intitulado Homicídios, detenções arbitrárias e ameaças de morte: a realidade do sindicalismo em Colômbia. Nele, Anistia declarou que “segue aplicando-se uma estratégia militar-paramilitar coordenada, que tem por objetivo desprezar o trabalho destas pessoas, tanto por meio de sua eliminação física como tentando desacreditar a legitimidade das atividades sindicais”.
Morales e Castro são docentes e funcionários eleitos da Confederação Sindical de Colômbia (CUT) em Arauca, uma região rica em petróleo da zona noroeste da Colômbia, onde as pessoas indígenas e campesinas têm sofrido abusos aos direitos humanos e têm sido arrancados de suas terras. Seu único “delito” tem sido implicar-se numa campanha democrática e pacífica promovida pela CUT para proteger o meio ambiente e a segurança de suas comunidades.
Os dois docentes foram capturados em 5 de agosto de 2004, após uma operação militar na qual viram como soldados do governo assassinavam a outros três ativistas sindicais. Estavam condenados por “rebelião” em novembro de 2006, apesar das grandes dúvidas sobre a confiabilidade das provas contra eles, especialmente desde que nenhum acusado tinha advogado nem conhecimento dos julgamentos ocorridos. Morales apelou da condenação.
Morales foi libertado em 28 de abril de 2007, porém Castro segue em prisão apesar de haver estado detida mais tempo do que permite a lei antes da posta em liberdade condicional.
“Alegra-nos a libertação de Samuel Morales, porém há uma profunda preocupação de que sua família e ele estejam em alto risco de sofrer um ataque por paramilitares que já lhes ameaçaram antes. A Internacional da Educação se une a Anistia em sua petição às autoridades colombianas de que garantam a segurança de ambos os docentes e seus familiares”, disse Nxesi.
Para mais informação, comunique-se com Nancy Knickerbocker, coordenador de EI de comunicações, tel +49-176-1683-1175 ou Nancy.Knickerbocker@ei-ie.org