Os processos contra Sônia e Simon Trinidad
[ANNCOL/Agências]
Continuam os processos judiciais contra Sônia e Simón Trinidad. O juiz encarregado do processo contra Sônia postergou, pela segunda vez, sua sentença e somente a anunciará em 03 de julho. O juiz foi enfático em assinalar que não existem provas que incriminem Sônia como responsável pelo contrabando de cocaína para os E.E.U.U.
No processo contra Simon Trinidad, ele é a sua própria testemunha, da mesma forma que no julgamento anterior em que o juiz permitiu 21 testemunhas da promotoria e não permitiu uma única testemunha solicitada pela sua defesa.
Ontem, Simon Trinidad disse que nunca viu pessoalmente os seqüestrados Keith Stansell, Thomas Howes e Marc Gonsalves, contratados do Pentágono, e que nunca falou com eles “por nenhum meio”, como tampouco discutiu com outros membros das FARC sobre a captura ou sobre a tramitação para a liberação dos três ‘contratados’ norte-americanos que estão em poder da organização insurgente ‘inimiga’.
Simon Trinidad disse, respondendo ao interrogatório do seu advogado de defesa Robert Tucker, não ter dado ordens a nenhum membro do grupo subversivo para derrubar “a tiros” o monomotor de fumigação em que os norte-americanos viajavam, nem de seqüestrá-los.
Trinidad descreveu sua história pessoal, a longa tradição de compromisso político da sua família, sua nomeação como doutor em Economia e as atividades rurais no norte do pais que o vincularam à militância política no partido da União Patriótica (UP) nos anos setenta.
Relatou, com voz entrecortada, como vários companheiros e amigos seus foram assassinados e as ameaças que ele recebeu. Ameaças que o levaram a enviar sua mulher e dois de seus filhos, de 8 e 11 anos de idade, à Cidade do México. Contou que os assassinatos provocaram-lhe um sentimento de medo e que o fez permanecer na Colômbia e continuar “lutando pela paz”. Foi assim como, em 1987, se ofereceu às FARC, e em janeiro de 1988 ingressou na guerrilha no Frente 19, após completar um curso básico obrigatório de três meses.
Simon Trinidad deu sua declaração depois da declaração do delegado de polícia Jhon Frank Pinchao.
O delegado Pinchao, no julgamento de Simon Trinidad, declarou que “nunca” viu Trinidad enquanto esteve retido pelas FARC.
Alem disso, durante o julgamento em Washington, o delegado Pinchao afirmou que, num acampamento em que ele esteve, se encontrava a ex-candidata presidencial, Ingrid Betancourt, e o ex-congressista Luis Eladio Pérez. A própria família Betancourt contesta as afirmações de Pinchao sobre a intimidade com Ingrid, dizendo que carecem de veracidade pois Pinchao diz ter tido aulas de francês sendo que o ex-esposo de Ingrid afirma que ela não lê nem fala esse idioma.
A procuradoria tinha esperanças que Pinchao indicasse a Trinidad como um dos líderes do grupo subversivo que manteve próximo dos prisioneiros, incluído o próprio Pinchao, companheiros da polícia, militares e os políticos, mas teve que colocar suas barbas de molho.
O interrogatório de Crabb a Pinchao levou mais de duas horas e alcançou os mais mínimos detalhes da sua vida pessoal e profissional, incluindo a confirmação de que esteve em Washington com toda sua família, com os gastos pagos pelo governo dos E.E.U.U. para participar da audiência sobre Trinidad. Deve-se assinalar que, no julgamento contra Sônia, ficou demonstrado que as testemunhas da procuradoria norte-americana receberam, mensalmente, $15.000,00 por um ano. Tudo foi pago com dinheiro dos impostos dos contribuintes estadounidenses.
A ação contra Simon Trinidad tinha sido anulada pelo juiz Tom Hogan depois que o jurado não chegara a um veredicto unânime. O juiz foi obrigado a renunciar depois de a defesa demonstrar que ele permitiu um encontro entre a procuradoria e o jurado, situação ilegal segundo a constituição norte-americana.
Em 30 de maio, na corte do juiz Royce Lamberth, começaram novamente as acusações de terrorismo contra o subversivo.
A cada julgamento a procuradoria norte-americana e o governo colombiano ficavam mais atolados. O governo colombiano, devido às denuncias das relações intimas com as quadrilhas de narco-paramilitares e as persistentes violações dos direitos humanos, está profundamente desacreditado diante das autoridades norte-americanas.
Pouco a pouco vai perdendo terreno a pretensão do governo dos E.E.U.U. de julgar as FARC, na pessoa dos guerrilheiros Sônia e Simon Trinidad e da montagem que as autoridades colombianas têm criado nestes casos, prática quotidiana na Colômbia.
Igualmente sabemos que a libertação dos guerrilheiros das FARC está, no fim das contas, submetido ao Intercambio Humanitário ou Troca de Prisioneiros de Guerra proposta pelas FARC, da mesma forma que a libertação dos três militares norte-americanos e todos os demais prisioneiros em poder das partes. Para tudo isso é necessário a desocupação dos municípios de Pradera e Florida, para acordar, em condições de segurança para as duas partes – governo e FARC – os mecanismos de intercambio, datas, vistorias, etc.