"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


sexta-feira, 6 de julho de 2007

Sancho-Mancuso outro escudeiro uribista

Mancuso saiu na defesa do seu patrão, qualificando de “infâmia contra o presidente” a versão do narcotraficante Fabio Ochoa Vasco, quando este afirmou que contribuiu para a campanha política que levou Uribe ao poder. O presidente coincidiu no adjetivo com Sancho, ”é uma infâmia contra mim e contra os votos honestos dos que me elegeram”.


[Johnson Bastidas/ANNCOL]


Diante da incapacidade dos chamados escudeiros naturais do presidente de defendê-lo, pela ordem, o vice-presidente, os ministros, especialmente o ministro de governo e o chanceler, não tiveram pernas para a sua “louvável missão”. Frente a essa perda de matéria, apareceu um novo escudeiro para o patrão da casa de Nariño. Não tem lança nem armadura, entretanto usa mocassins italianos, é narcotraficante e resolve suas diferenças na ponta da motosserra. Como era de esperar, este Sancho fez de Ralito uma vala comum, apesar da falsa promessa presidencial de que “neste processo não se derramará nenhuma gota de sangue inocente”, pois 3200 pessoas foram assassinadas em Ralito nesse período e ainda não sabemos quantas toneladas de coca foram exportadas.


Mancuso saiu na defesa do seu patrão, qualificando de “infâmia contra o presidente” a versão do narcotraficante Fabio Ochoa Vasco, quando este afirmou que contribuiu para a campanha política que levou Uribe ao poder. O presidente coincidiu no adjetivo com Sancho: ”é uma infâmia contra mim e contra os votos honestos dos que me elegeram”.


Em sua defesa, o presidente remete-nos à contabilidade da sua campanha. Não somos inocentes. É óbvio que nada será encontrado ali. Sua equipe de campanha sabia dos erros infantis da campanha de Samper, cujas lições foram claras: “cheques deixam muitos rastros, recebe-se somente em dinheiro, pois assim não ficam marcas. Por isso, nesta campanha, a ordem foi clara: só em moeda viva. O dinheiro circulou em pacotes grandes e constantes. Por isso não é possível demonstrar quantos milhões foram gastos em sanduíches, refrigerantes, transporte de eleitores, faixas publicitárias, camisetas e compra de votos. Sobre nada disto nós, críticos do governo, temos controle. Mas, no meio de tanto malandro cúmplice é obvio que domina o delito.


As idas e vindas de Mancuso são típicas de personagens histéricos com o poder. Quando seus interesses são ameaçados, estão prontos para dar o bote e inocular o veneno. Nessas alianças criminosas, mutáveis quotidianamente, a lealdade é passageira por não dizer efêmera. Hoje, entre as ameaças mútuas do regime político-econômico e seus paramilitares, cada um brinca de saber mais sobre o outro. É um casamento que se desfaz aos pedaços, mas que deixa os cônjuges sujos com seus próprios excrementos. Estas idas e vindas de entrevistas a narco-paramilitares e comunicados do palácio, mostram-nos que o combinado entre eles tem conseqüências insuportáveis para qualquer povo digno. Por isso Uribe tem que renunciar.


As alianças estratégicas entre o regime e os paramilitares, que serviram para levar Uribe ao poder, sintetizam-se num ponto de encontro de interesses comuns, uns para enriquecer com a exportação de coca, outros para realizar a sua própria reforma agrária e garantir a concentração da propriedade da terra, outros para conservar o poder político, outros ainda para consolidar poderes hegemônicos sem oposição política. Dividiram o país para eles. Uns e outros se juntaram e criaram um novo ritmo musical que passa a ocupar lugar privilegiado na nossa história rítmica, lugar reservado a mestres como a Piragua, a Momposina ou os Guaduales. Este ritmo, que se dança hoje no palácio da nossa república das bananas, o batizamos de “ritmo do delito”.


Aos olhos do mundo, somos um país pária, governado por crápulas que se ajoelham diante de qualquer presidente estrangeiro, sem mais dignidade que o mofo de nossas correntes. Com um presidente eleito pelos criminosos da moto-serra, com eleitores ameaçados de massacre e violações de todo tipo caso se negassem a votar no patrão. Assim qualquer um ganha. Sabemos que em muitas localidades as mulheres foram proibidas de chorar seus mortos sob pena de ser violentadas. Muitas destas mulheres já receberam a cédula eleitoral preenchida. Desse jeito qualquer patrão chega ao palácio. Num país de abstenção eleitoral crônica como a Colômbia, em alguns municípios de predomínio paramilitar a participação chegou a 99,9999%, nem o politiqueiro mais ousado e criativo pode explicar este fenômeno político sem uma explicação diferente ao terror.


Este governo, definitivamente, não tem futuro. A cada dia da agenda, o presidente e seus assessores gastam muitas horas diante da mídia, muito nervosos, lendo quanta manchete se publica sobre o patrão da casa de Nariño. Não se cansam de desmentir, de negar, de jurar e perjurar a inocência do presidente. Não contentes, contrataram uma empresa norte-americana especializada em lavar a imagem usando marketing, pesquisas de opinião e outros enfeites. Tudo pago com dinheiro dos cofres públicos.


Agora, segundo um desgastado slogam - uma imagem vale por mil palavras -, todos temos visto a Uribe sem escoltas, andando lado a lado com seus parceiros – entre eles o paramilitar Esteban – elaborando a estratégia de campanha. Não é possível que o presidente não saiba com quem se reúne, norma básica de segurança para qualquer candidato. Este paramilitar, procurado pela justiça, se encontrou com o homem que, anos mais tarde, criaria uma lei que garantiria a impunidade de tanto opróbrio contra a população civil. Dois dias depois do conhecido vídeo, o diretor do DAS aparece, fazendo o ridículo, oferecendo uma recompensa mínima para quem comunique o paradeiro de Esteban, para demonstrar a força da Segurança democrática.


Enquanto nos preparávamos para a próxima entrevista paramilitar e o tal comunicado de desmentido do palácio, ficamos sob o estupor da tarde. Como a letargia de um eco que chega de longe, um ritmo inaudível, um homem de mocassins sem armadura escuta o latir dos cães. No outro canto, tomando gotas de um remédio homeopático, vemos outro homem que treme à beira do desmaio, - de poncho e bolsa a tiracolo atravessada – espera com o olhar perdido. Ele também ouve o latido. Já estamos chegando.


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