Este é o primeiro comentário do advogado Paul Wolf...
... acerca do novo julgamento de Ricardo Palmera Pineda (Simon Trinidad) na Corte Federal do Distrito de Colúmbia na cidade de Washington DC. Estados Unidos (EEUU). Assim, o cenário está pronto para uma dramática segunda rodada. Para aqueles que observarão o julgamento diariamente será um processo lento. Exceto pelas testemunhas informantes – que é sempre divertido escutá-las. E o mesmo Trinidad – quem, sem nenhuma dúvida, passou bastante tempo para pensar naquilo que vai dizer na Corte.
[Paul Wolf]
Ninguém espera que os argumentos orais comecem antes da quarta-feira pela manhã, dia 6 de junho, devido aos assuntos pendentes relacionados com a seleção de membros do júri. De acordo com a informação arquivada do caso, permite-me comprovar que a seleção do júri está completa. Sinto muito a inconveniência suscitada a respeito e o verei nesta quarta-feira – Paul.
Predisse-se que as discussões orais serão a repetição das do julgamento anterior de Simon Trinidad e que estas começarão pela manhã do dia 4 de junho (2007) pelas 10h da manhã. Sem dúvida, o recinto da Corte estará cheio de uma combinação de oficiais do Departamento de Justiça e outros membros de distintas entidades governamentais (facilmente identificáveis por seus trajes escuros e exagerada galhardia em seus aspectos físicos. O julgamento se realizará no Recinto da Corte # 22ª que é o novo anexo do edifício da Corte Federal. O juiz para este julgamento é o honorável Royce C. Lamberth.
Revisando o que até agora foi exposto ao público da informação nos arquivos da Corte. Sobre este caso. Não observei nada particularmente inusual. Os membros integrantes do júri já foram selecionados – seis deles que haviam pedido para ser excluídos do recinto lhes negaram esta petição. É de se esperar que estes indivíduos votem por qualquer moção que lhes permita terminar com suas tarefas de jurados o mais rápido possível. Não segui o processo de seleção do júri, porém duvido que os fiscais hajam permitido aos advogados sentar-se junto ao recinto onde se encontravam os integrantes do júri. Rumorejava-se que estariam presentes os 4 advogados do julgamento anterior que sabem exatamente como lograr um “não há lugar para o julgamento” (‘mistrial’ em inglês) em um momento mais breve possível. Usando a mesma tática de escrever três notas ao juiz em três dias consecutivos. Claro está de que os fiscais falaram com os integrantes do júri depois do último julgamento. O resto de nós somente poderia adivinhar o que se passou depois.
Tenho entendido que Elias Ochoa e sua esposa não testemunharão neste julgamento. No julgamento anterior. O Sr. Ochoa testemunhou que quando estava seqüestrado pelas FARC há mais de uma década mencionou que havia escutado em uma transmissão de rádio a voz de Simon Trinidad.
Por outro lado, Ochoa testemunhou em outro processo legal na Colômbia que havia sido seqüestrado também pela AUC e que Jorge 40 (um influente comandante das AUC com relações próximas à família de Araújo) estaria pessoalmente envolvido neste fato. O Sr. Ochoa foi nomeado para um cargo diplomático no Consulado da Colômbia na cidade de Barquisimeto, Venezuela. Aparentemente como uma recompensa por seus serviços como testemunha chave em dois dos casos mais importantes na Colômbia no ano passado.
Também, tenho entendido que Jorge Botero tampouco testemunhará desta vez. Botero havia filmado uma fita de vídeo dos três estadunidenses. Os fiscais descreveram as imagens cruas da fita como uma “prova de vida” e acusaram Botero de fazer este vídeo para as FARC. Botero usou o vídeo para que Dan Rather do Noticiário CBS (noticiário dos EEUU) produza um documentário. O documentário da CBS não será mencionado no julgamento – somente a versão de “prova de vida” dos três estadunidenses.
Minha testemunha favorita no primeiro julgamento foi o da guerrilheira reinserida Maryanne Arango. Espera-se que testemunhe novamente. A Srta. Arango disse haver sido rádio operadora de Trinidad e foi testemunha de caráter crucial no caso pois atestou que Trinidad estava envolvido em numerosos outros casos de seqüestros enquanto ela trabalhava para ele. O problema com Arango é que não pôde recordar detalhes críticos em seu testemunho na hora de ser contra-interrogada com perguntas da defesa, nem sequer se lembrava da data e lugar de seu nascimento. Não foi convincente para nada como testemunha e estou curioso para ver o que é que vai dizer agora e como estará indo nos EEUU com sua nova identidade.
Os advogados de ambas as partes fizeram moções para tratar de mudar a evidência que será admitida neste julgamento. O juiz ainda não deu opinião e provavelmente esperará para ver como avança o julgamento. O fiscal quer introduzir partes do testemunho de Trinidad no primeiro julgamento, onde explica que estava no Equador numa tentativa de contatar James Lemoyne da Organização das Nações Unidas (ONU) para pedir ajuda à ONU para preparar um intercâmbio de prisioneiros. Ironicamente, não há nenhuma outra evidência que envolva Trinidad com os três estadunidenses em poder das FARC, salvo o que o mesmo já havia declarado durante o julgamento anterior e às autoridades equatorianas quando foi detido naquele país.
Tenho dúvidas sobre a versão dada por Simon Trinidad. Para que teria que ir de maneira clandestina à Quito, Equador, e ir fazer uma chamada à Suíça? Se fosse tão importante contatar James Lemoyne, por que não está o Sr. Lemoyne envolvido nas atuais negociações sobre um intercâmbio de prisioneiros. A ONU não está envolvida de maneira alguma nas negociações. Se Simon Trinidad estava realmente no Equador, por qualquer outro motivo – tal como o de visitar sua filha durante as festividades do Natal e Ano Novo, ou para receber tratamento médico (ele foi capturado em uma clínica médica). Então, ele haver dito às autoridades equatorianas que se encontrava ali para facilitar um intercâmbio de prisioneiros resultou haver sido um equívoco.
Se vais à busca pela internet, no Google Busca, encontrarás bastantes artigos noticiosos sobre os prisioneiros das FARC. Penso que estão sendo colocados de propósito de maneira que coincida com o segundo julgamento de Trinidad. Primeiro, o presidente Uribe anunciou a libertação de pelo menos 200-300 prisioneiros das FARC detidos em distintos cárceres. Alguns já foram transferidos a um sítio (antes de ser libertados).
Ainda que seja uma iniciativa unilateral parece não ter lógica do ponto de vista de não lograr nenhuma negociação com as FARC. O governo poderia beneficiar-se de várias maneiras. Primeiro, estas pessoas renunciariam suas filiações às FARC. Isto para que Uribe possa dizer que logrou que uma parte das FARC foi desmobilizada. Desta maneira, pode criar a impressão de existem membros das FARC que querem desmobilizar-se. As FARC estão contra esta manobra de Uribe e catalogam estas pessoas que vão ser libertadas de “desertores”. Grupos de militantes das FARC detidos em vários cárceres disseram que não querem ser libertados sob este programa de Uribe , que é visto como uma tentativa de minar as negociações sobre intercâmbio de prisioneiros.
Segundo: Ademais, Uribe pode dizer que havia libertado os prisioneiros como um gesto de boa fé e, com isso, criticar as FARC por não responder de maneira recíproca aos seus “esforços”. Também, Uribe evita qualquer conversação direta com as FARC. Assim como está posta, teria sentido, como uma negociação de linha dura. Eu duvido que as FARC irão responder de alguma maneira, dessa forma, não sei aonde vai terminar tudo isto.
Raul Reyes fez sua própria proposta, de que as FARC estariam de acordo em intercambiar os três estadunidenses por Simón Trinidad e Sônia (Ken Kohl deveria tomar notas, como é que ele gosta de dizer que condenando Trinidad seria decisivo para a libertação dos três estadunidenses). Já que o juiz, no caso de Sonia, está considerando os argumentos relacionados com o testemunho de “Juan Valdez”, que foi demasiado fantasioso e irreal. Poderia especular-se, e de fato há especulações de que o juiz Robertson decidiu encaminhar o caso para o outro lado, como forma de facilitar o intercâmbio de Sonia. Uma organização noticiosa de alta reputação na Colômbia pediu-me para averiguar e lhe confirmar se esta versão tem algum peso. Não creio que seja isto o que está ocorrendo. Só que mostra a impressão que os colombianos têm sobre nosso sistema legal. Pensam que é pior que o deles. Quando eles imaginam uma prisão dos EEUU o que primeiro vem à mente é a da baia de Guantánamo. Os julgamentos de Trtinidad e Sonia contribuíram para esta impressão, pelo menos em como a Colômbia se refere.
Há outras notícias, a senadora Piedad Córdoba disse que sob pressão do governo da França as FARC logo libertariam Ingrid Betancourt e Clara Rojas, candidatas a presidente e vice-presidente nas eleições de 2002 e que foram capturadas pelas FARC depois de haver viajado à Caguán para confrontá-las. O ministro do interior Carlos Holguin disse que a senadora Córdoba inventou esta história. O New York Times relatou sôbre o filho da Sra. Rojas, de três anos de idade, que teve com um dos guerrilheiros enquanto estava detida. Também, o menor encontra-se detido. O avô colombiano dos filhos de Keith Stansell que ser permutado pelo estadunidense Keith Stansell para que os meninos possam ver seu pai. O avô já foi vacinado contra febre amarela e malária, e está pronto para viajar.
É dessa forma que o cenário está pronto para uma dramática segunda rodada. Para aqueles que observarão o julgamento diariamente será um processo lento. Exceto pelas testemunhas informantes – que é sempre divertido escutá-las. E mesmo Trinidad – quem, sem nenhuma dúvida, passou bastante tempo para pensar naquilo que vai dizer na Corte.
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