Pare o fogo, senhor presidente!

É tradicional a indolência da oligarquia colombiana. Porém maior é a sua covardia à hora de 'tirar o corpo' de suas responsabilidades. Protegem-se em suas artificiosas e arranjadas leis e interpretações midiáticas, descarregando seus crimes em seus subalternos da vez. Belisario Betancur [1982-1986] é um desses tantos. Obviamente o torturador coronel Plazas Vega é responsável pelo desaparecimento de várias pessoas vivas e de vários cadáveres que o exército nunca quis devolver.

Covarde!

[ANNCOL]

Às 8 da noite, de 8 de novembro de 1985, dia seguinte do holocausto do palácio da Justiça em Bogotá, O presidente da república da Colômbia Belisario Betancur, sabendo que nada lhe aconteceria, disse na cara a todo o país, com sua entonação de sacristão antioquenho, o seguinte: "Para o bem ou para o mal, a responsabilidade foi assumida pelo presidente".

Vinte anos depois do acontecido naquela nefasta data (2005) uma comissão da verdade composta por ex-magistrados da corte suprema de justiça, diluiu em três a "responsabilidade" do acontecido. São responsáveis o presidente Betancur, o Exército da Colômbia e o M19, e explicou suas razões.

Entretanto, como o desaparecimento forçado é um delito de lesa humanidade, que não prescreve internacionalmente, a chamada justiça colombiana teve que deter o coronel de inteligência militar Alfonso Plazas Veja, o qual, para "defender a democracia colombiana" dirigiu a selvagem operação de recuperação a sangue e fogo do edifício judicial tomado pelos guerrilheiros do M19; operativo ordenado por seus superiores do alto comando do exército e principalmente pelo presidente da república Belisario Betancur que nesse momento era seu comandante superior.

Todavia continua irretocável na mente dos colombianos aquela súplica que o presidente da corte, Reyes Echandía, fizera ao presidente Betancur, para que cessasse o fogo e se evacuasse os civis vivos pegos em meio ao fogo e as chamas. Também ficou gravada para sempre na memória dos colombianos a resposta inumana e selvagem de resgate a sangue e fogo do edifício que deu ao pedido de clemência que fizera o magistrado Echandía.

Obviamente o torturador coronel Plazas Vega é responsável pelo desaparecimento de várias pessoas vivas e de vários cadáveres que nunca o exército quis devolver. Porém não se pode esquecer nunca, se se quer a verdade, justiça e reparação totais, que sempre ele atuou sob ordens diretas do alto comando do exército e da política e sobre tudo, cumprindo ordens diretas emanadas do presidente Betancur que para não deixar dúvidas, assumiu no dia seguinte a "responsabilidade pelo acontecido".

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