"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 11 de julho de 2007

Marcador: Simón Trinidad 2 : EEUU 0

Esta é a entrega # 8 dos comentários e opiniões do advogado Paul Wolf, sobre o desenvolvimento do julgamento contra Ricardo Palmera Pineda (Simón Trinidad), que se leva a cabo na Corte Federal do Distrito de Columbia na cidade de Washington DC, Estados Unidos (EEUU).


Paul Wolf


Normalmente não faço predições, porém, hoje, o júri escreveu uma nota ao juiz Lamberth declarando-lhe que não iam poder pôr-se de acordo para alcançar um acordo unânime. Estou sofrendo de dejá vu todavia. Tudo parece indicar que Simón Trinidad não será condenado neste segundo julgamento por conspiração para a tomada de reféns. A conta (o escore) será Simón Trinidad 2, EEUU 0.


Tecnicamente, suponho que Simón Trinidad possa ser julgado pela terceira, quarta e até quinta vez e tanto mais vezes como queiram, até que seja condenado, já que nosso governo não reconhece “não veredicto” como uma declaração de “julgamento final”, porém com o “julgamento fracassado”. No entanto, o custo político dos governos de EE.UU. e Colômbia é grande e se aumenta com cada acusação que declara “julgamento fracassado” e se torna mais e mais como de que a Simón Trinidad o estão “perseguindo” em vez de estar julgando-o, se vê que é mais para lançar uma mensagem política às FARC, que o de condenar a uma pessoa que cometeu um crime...


O júri escreveu esta primeira nota depois de só um dia e meio de deliberações. Alguns podem estar em desacordo, porém, para mim isto é demasiado rápido. Provavelmente, está indicando que o júri não alcançará um veredicto unânime ainda depois de que haja regressado a seu recinto a tentá-lo de novo. Para completar o “julgamento fracassado”, o júri tem que escrever outra nota. Dirão que fizeram seu melhor esforço para saldar suas diferenças, porém que nunca o lograram e pedirão ao juiz um segundo “julgamento fracassado”. Isto pode passar tão pronto como o dia de amanhã. Então, o juiz declarará algo que se conhece como um “carregamento de dinamite”, o qual vai mais ou menos assim: “Vejam, quem quer que seja que esteja causando este problema, deixem de fazer isto, por favor. Simplesmente, vote com a maioria de seus colegas”. Então, o júri deve escrever uma terceira nota e esta será o boleto para que a Simón Trinidad, pelo menos, lhe façam seu terceiro julgamento, ainda que o próximo julgamento seja também um “não veredicto”. O julgamento ficará “pendurado” e se declarará um “julgamento fracassado”. Isto pode passar tão pronto como esta próxima segunda-feira.


Bem, por que o jurado tem tido tantas dificuldades para condenar a Simón Trinidad? Eu penso que o caso é demasiado político e não se pode esperar que doze pessoas escolhidas ao acaso estejam de acordo unanimemente num assunto político. É demasiado pedir-lhes que declarem se as FARC são ou não uma insurgência legítima, se os estadunidenses retidos eram ou não agentes da CIA, ou se tomá-los como reféns ou combatentes seja algo legítimo. Ou se se pode fazer responsável ao mesmo Trinidad, quando o único que fez foi ser um negociador para um intercâmbio humanitário mais amplo. Ou se se está aplicando devidamente as leis de conspiração, desenhadas para grupos menores de criminais ordinários cometendo crimes ordinários. E não há nada de ordinário sobre este caso.


Não posso evitar o sentir-me aliviado pelo que tem ocorrido. O caso de Trinidad tem sido ignorado no mundo legal, e ainda assim representa um experimento dramático que vai mais além de qualquer assunto contemplado nos Tribunais De Combatentes Inimigos na Baía de Guantánamo. Essas pessoas estão em julgamento de guerra e por crimes que individualmente cometeram. Ninguém está julgado por ser membro de uma conspiração do Talibã ou de Al-Qaeda. Ninguém está em julgamento por conspirar e ajudar nos ataques do 11 de setembro ou suas atividades no Afeganistão. Afortunadamente, para aqueles de nós que vêem a guerra contra o terrorismo como um assalto a nosso sistema legal, neste caso, contra Simón Trinidad, parece haver sido um experimento frustrado.


Agora, podemos lançar a vista para o próximo julgamento contra Simón Trinidad, que está programado para começar em 20 de agosto. Creiam-no ou não, o julgamento sobre “drogas” deve ser igual ou mais interessante que o que foi o julgamento de “tomada de reféns”. O caso de drogas envolve a Vladimiro Montesinos e num intento de intercambiar 10.000 fuzis de assalto AK-47 por cocaína. A Colômbia tem expressado seu interesse em pedir em extradição a Montesinos para que se enfrente à justiça colombiana. No entanto, isto nunca se materializou e Montesinos, misteriosamente, escapou deste caso.


Neste julgamento em menção, que começará em fins de agosto, suas estrelas são Ron McNeil (do caso de Sonia) pela promotoria, e Bob Tucker na defesa, e, sem lugar a dúvidas, Simón Trinidad, que testificará como a única testemunha da defesa. O mesmo juiz Lamberth presidirá as cerimônias. Espera-se que marquem presença dúzias de oficiais do governo da Colômbia como parte do cenário, e um agregado número de informantes reinseridos das FARC para apimentar o drama. Não se espera que Montesinos apareça. Ele é uma grande celebridade e demasiado importante para este tipo de show. O Sr. Vladimir Montesinos parece gozar de algum tipo de imunidade “especial” diplomática/CIA que evita enfrentar-se à justiça. Ninguém pode predizer ou saber nada neste caso.


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