"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Alguns detalhes a considerar para entender o intercâmbio epistelar entre intelectuais e as FARC-EP

por Francisco Estupiñan/ Colômbia

Não compartilho e não assinei a carta encabeçada por Piedad Córdoba, penso que lhe faltaram idéias concretas e por isso proponho estas modificações ao texto original para que seja assinada pelos que assinaram a anterior e por quem quiser subscrevê-la. Envio a vossa página e solicito que seja publicada.

Cordial saudação,

Sua resposta à iniciativa que encabeçada pelo presidente Chávez e pela senadora colombiana Piedad Córdoba, permitindo direta ou indiretamente o retorno dos reféns aos seus lares sem que o mesmo gesto tenha sido seguido pelo governo Uribe, estimulou-nos a continuar buscando caminhos para a paz nacional e em uma linguagem afinada com o diálogo já iniciado.

Novos fenômenos comovem hoje a consciência nacional. Sem ignorá-los, esperamos que eles não nos devam apartar da discussão crucial sobre a guerra e a paz na Colômbia.

A divulgação de que as forças Armadas cometeram crimes contra a vida, em execuções extrajudiciais encobertas sob a denominação de falsos positivos, e as expulsões das fileiras do Exército Nacional, puseram em evidência uma vez mas que o país não pode suportar por mas tempo umas Forças Armadas que apontam seus fuzis contra os humildes da Pátria, quando 80 anos se completam desde que os vagões bananeros carregados de trabalhadores assassinados foram atirados ao mar, até o mais recente capítulo da guerra suja na Colômbia, na qual habitantes dos bairros pobres das cidades e campos são assassinados para que depois a oficialidade cobre por cadáver e os suboficiais se nutram da chantagem a familiares das vítimas.

A escalada no conflito colombiano está acompanhada de uma imensa degradação. Nesse contexto, lutaremos por construir um Estado moderno e democrático, que permita alcançar condições dignas para a vida em comunidade. A situação atual é vergonhosa e insuportável e até o presidente tem hordas próprias de paramilitares, onde as multinacionais pagam por cada sindicalista morto, onde milhões de deslocados passam seus dias em solos estranhos relembrando horríveis massacres sem soluções. Pensamos nas longas listas de desaparecidos, nos milhões de habitantes na miséria.

Esta dor pela Pátria nos faz contextualizar a existência de um povo rebelde que se levanta em armas. À desgraça que campeia diariamente somam-se os assaltos dos quais milhões de colombianos foram vítimas, crimes realizados por pessoas de confiança do presidente; era a segurança democrática que agia como as máfias.

Estamos conscientes do seu interesse em um verdadeiro Processo de Paz. Temos sobre a mesa os Acordos de Uribe e lembramos que vosso gesto foi respondido com o massacre de 8.000 militantes da União Patriótica. Novos diálogos e novas traições vieram, mas sabemos que os senhores estão comprometidos com uma saída pacífica e responderão ao convite ao Diálogo que fazemos. A comunicação que os senhores declararam iniciada ao responder a nossa carta de 16 de setembro do corrente ano fará sentido e alcançará eficácia se ocorrer sob o signo do intercâmbio concreto e transparente na busca de soluções pelas quais os senhores e nós estamos comprometidos.

Por isso e de forma cordial, mas sem rodeios, nos permitimos perguntar-lhes se estão dispostos a formar uma grande coalizão de colombianos e partidos comprometidos a erradicar a guerra do nosso solo? Uma coalizão que projete um Período e um Governo de Reconstrução Nacional. Para isso propomos uma reunião em um país-irmão, onde criemos os alicerces para esse novo pais.

Pensamos que o Intercâmbio Humanitário foi uma proposta para o atual governo, que o respondeu com bombardeios e mentiras. É chegada a hora de construir um País em Paz e para esse fim convidamos a todos os colombianos a ser partes integrais de um Grande Acordo de Convivência com Justiça Social que priorize o retorno dos Deslocados às terras das quais foram expulsos, os Indígenas às suas terras, às crianças para as quais o horror só seja um distante pesadelo e os culpados sejam submetidos a julgamento. É chegada a hora do desarmamento, da Justiça social… contamos convosco.

Nesse sentido, o aporte dos elementos trazidos à discussão pelos senhores corresponderá às palpitantes preocupações da opinião nacional e internacional. Portanto, lhes sugerimos que apóiem um eventual Processo de construção de um Novo Governo, que se possa avançar em algumas reflexões em que se possa desenhar – e organizar – cenários para que seja possível debater com a sociedade alternativas políticas para encontrar uma via transicional para uma sociedade justa e eqüitativa.

Uma onda de otimismo pela renovação democrática do mundo alcança hoje a povos e países. Os ventos não sopram a favor das tendências e governos que encorajam as guerras. Sentimos que esse clima internacional é favorável a todos aqueles que na Colômbia trabalham sem vacilação por uma saída política ao confronto bélico interno.

Na maioria dos países do nosso continente assumiram a direção do Estado movimentos e figuras comprometidas com a mudança social, a inclusão étnica, a ampliação democrática e o desenvolvimento de políticas internacionais independentes. Achamos que neles a Paz do nosso país conta com incondicionais aliados. As perspectivas certamente diferenciadas que esses governos oferecem representam sem dúvida um interessante e alentador horizonte político.

Não há tempo a perder, o Diálogo está aberto…

Receba os nossos melhores desejos e esperamos que seja breve a sua resposta a estas propostas.

Atenciosamente.

O artigo encontra-se em ABP Notícias.