Governo espanhol tinha conhecimento dos vôos secretos da CIA
"Tanto o governo Aznar como o de Zapatero sabiam do uso de aeroportos espanhóis para os vôos da CIA", declarou o euro-deputado da IU, Willy Meyer.
Grupo de Esquerda Unitária Européia / Dez/08
Bruxelas – Veio a público um documento secreto do Ministério do Exterior que confirmava que o Governo de José María Aznar conhecia e autorizou a operação dos vôos da CIA.
Segundo o euro-deputado da Esquerda Unida, Willy Meyer, que foi membro da Comissão Temporal de Investigação do Parlamento Europeu, esta noticia "da razão ao que dizíamos que não era possível que os governos europeus apenas se interassem das operações de vôos ilegais da CIA através da imprensa. Na Espanha, as informações trazidas pelo documento desmontam a tese mantida pelo diretor do Centro Nacional de Investigação, Alberto Sainz que dizia "tomar conhecimento dos vôos pela imprensa, assim como os deputados do Congresso Nacional".
Meyer qualificou de fantasiosas as declarações posteriores de Sainz, em que assegurava não haver encontrado nenhum delito ou atividade ilegal, e negava que houvessem vôos clandestinos.
Meyer ainda lamentou porque "o Ministro do Exterior espanhol, Miguel Ángel Moratinos, não entregou esta informação quando do seu informe ao Congresso Nacional em 2005, e tão pouco quando esteve na Comissão Temporal de Investigação do Parlamento Europeu em 2006".
Para o euro-deputado "estas informações demonstram que o Governo de Aznar tinha conhecimento dos seqüestros ilegais executados pela CIA, utilizando o convênio bilateral Espanha - Estados Unidos, que prevê o uso de aeroportos civis para o uso das forças aéreas norte-americanas". No mesmo convênio se exige que exista uma comissão entre Espanha e EUA que operacionalize a utilização das bases, cujo trabalho desconhecemos."
"Através da reforma deste convênio bilateral - explicou Meyer - pactuado entre Aznar e a Administração Bush, se flexibilizou o uso das bases espanholas, tanto civis como militares, abrindo a porta para que dos Estados Unidos se beneficiem delas para enviar prisioneiros a Guantánamo". "Por estes e outros motivos, a Esquerda Unida se opõe a renovação deste Tratado Bilateral".
O euro-deputado declarou que "agora sabemos que o Governo de Zapatero conhecia os vôos que transitaram em território espanhol. Temos informações que demonstram como, desde abril de 2004 (inicio do primeiro governo Zapatero) pelo menos 8 vôos da CIA com destino ou procedência de Guantánamo, segundo se pode comprovar pelas datas fornecidas pelo Organismo de Controle Aéreo português: nos dias 30/09/2007, 22/06/2007, 1410/2006, e 29/08/2006, aviões modelo C17 com matrículas RCH502, RCH476, RCH919 e RCH913 partiram da base de Rota até Guantánamo; no dia 08/11/2005, um avião modelo DC10 com matrícula RCH985 saiu da base de Morón até Guantánamo; no 19/08/2005 um C17 com matrícula RCH923 aterrissou em Rota procedente de Guantánamo; no 20/04/2005 outro C17 matrícula RCH950Y partia de Rota destino Guantánamo e em 18/07./2005 um C17 com matrícula RCH924 aterrissava em Torrejón de Ardoz procedente de Guantánamo. Além desses 8, existem mais 27 que fizeram escalas em diferentes aeroportos espanhóis durante o governo do Sr. Zapatero".
Portanto, segundo Meyer "o governo de Zapatero não só tinha as informações dos aviões durante a época de Aznar, como também sabia da existência de vôos entre 2004 e 2007".
A notícia encontra-se em PCE.es
