"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

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A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Não se vá

por Freddy J. Melo/Venezuela

Música: Uh, Ah! Chávez no se vá! (Youtube)

Hugo Chávez, em sua qualidade de condutor do processo revolucionário, trilhou os rumos para uma emenda constitucional que permita aos presidentes da Venezuela optar pela candidatura em qualquer momento, assim como qualquer outro cidadão, e consagre o direito soberano do povo de eleger quantas vezes quiser o líder no qual confie.

O clamor da grande maioria, cujo grito de “uh, ah!” atormenta a oposição, foi ouvido pela bandeira bolivariana, com a condição de que se instrumente imediatamente, buscando levá-lo à conclusão no início do ano que vem. A razão é clara: o Presidente sabe que sua permanência no governo é indispensável para preservar a unidade e garantir o avanço conseqüente da revolução, e que seus seguidores, igualmente conscientes disso, persistirão na exigência; portanto, para não distrair os esforços e perder um tempo precioso, foi tomado o touro pelos chifres.

Tal decisão implica na intensificação do temporal contra-revolucionário. Serão potenciadas as acusações de “ditador”, “autoritário”, “ambicioso” e outras coisas do mesmo naipe; esganiçarão insistindo na violação da Constituição, lesão à democracia, concentração de poder, etc.; proliferarão as ameaças de golpe e intervenção; se intensificará a luta de classes nos campos ideológico e político, além do econômico e os demais. Isto é inevitável, e isso aconteceria algum dia de qualquer forma, a não ser que seguíssemos sendo obrigados a obedecer os que sempre foram contra qualquer mudança.

A possibilidade de que um mandatário seja reeleito pela vontade do povo é circunstancial à soberania. Não existe autoridade sobre a terra que possa impedi-la, pois isso seria um atentado contra a essência da democracia verdadeira. A burguesia reconheceu a soberania popular quando dirigia o conjunto dos trabalhadores contra o feudalismo, e a levantou em suas bandeiras como base da esplêndida consígnia de liberdade, igualdade e fraternidade. Posteriormente, já dona do poder, ializou e desenvolveu os modos de manter o conceito como aparência, sem conteúdo mas vigente no formal. Esse é o estratagema da democracia burguesa. Quanto ao aspecto que discutimos aqui, alguns deles praticam a reeleição contínua como um florão de soberania popular, e claro, ninguém os questiona, pois são paradigmas democráticos. A armação, e não há regime burguês sem armação, consiste na retenção dos mecanismos para a escolha dos candidatos, de modo que o povo tenha a ilusão de soberania, escolhendo quantas vezes quiser um governante desses que, por mais “progressistas” que sejam, nunca poderão transpor os limites impostos pelos fatores de poder.

Entre nós, a contra-revolução, errática por natureza e brutalmente dirigida do “Norte agitado e tempestuoso”, “defende” a democracia atacando-a em sua essência, sem guardar as aparências que as burguesias cultas da Europa usam como base. E mentem como sempre. Pois aqui não se viola a constituição, porque emenda não é reforma; não fica prejudicada a democracia, e sim, a torna verdadeira, participativa e protagonista, cada vez mais nas mãos dos que vivem do trabalho; não se concentra o poder, porque o descentraliza para baixo, para as raízes da sociedade; Chávez não é um ditador, ele é: respeitoso da ordem constitucional e legal, sujeito às decisões do povo, disposto a expor seu mandato duas vezes em cada período, amado pelas multidões que o seguem como a nenhum outro líder desde o século XX até hoje... e empenhado em uni-las e conscientizá-las para que, com o órgão do Estado progressivamente posto a serviço e sob o jugo de suas próprias organizações, resgatem a soberania efetiva conculcada e eliminem os grosseiros privilégios dos grupos historicamente dominantes. Para estes, obviamente, acostumados a estar à deriva sem responsabilidades, o presidente que sirva ao povo é automaticamente um ditador. E o terror provém da convicção de que não podem ganhar de Chávez e o fervor popular. E, se podem, que ponham seu galo na arena.

Saiamos já da emenda, que há infinito trabalho por fazer. Atender às necessidades urgentes: segurança, moradia, emprego, saúde, educação, alimentação; redobrar a formação ética, política, ideológica e de serviço, socialista, do partido e do povo; consolidar o construído para que não possa ser revertido; avançar na transformação geral da sociedade. Em função disso tudo, uh, ah! Chávez não se vá!

O artigo encontra-se em ABP Notícias.