"A LUTA DE UM POVO, UM POVO EM LUTA!"

Agência de Notícias Nova Colômbia (em espanhol)

Este material pode ser reproduzido livremente, desde que citada a fonte.

A violência do Governo Colombiano não soluciona os problemas do Povo, especialmente os problemas dos camponeses.

Pelo contrário, os agrava.


segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Manifesto de um Colombiano na Venezuela, em Petare

por HH/Colombiano na Venezuela

Não farei um manifesto de lamentações, mas para solicitar o apoio necessário que permita formar os novos cidadãos e cidadãs colombianos capazes de atuar e participar de forma consciente como novos atores políticos para a transformação da atual realidade colombiana, em particular, e da realidade latino-americana em geral; pessoas capazes de construir novas relações sociais; novas relações de produção que garantam aos indivíduos, suas famílias, à classe social a que pertencem, à coletividade, enfim, alcançar um reconhecimento como seres humanos de Direito.

Para obter esse auxílio necessário por parte dos venezuelanos é de suma importância que todos compreendam que, na Colômbia, aprofunda-se a aplicação do receituário Neoliberal imposto pelas elites oligárquicas de forma coercitiva e violenta, usando para isso o mais terrível e desumano Terrorismo de Estado auspiciado pela ingerência descarada do Imperialismo Norte-Americano e seus sócios globais que ajudam, financiam os Piti-ianques colombianos a levar a cabo uma injusta guerra contra os pobres; um confronto que, pelo seu caráter fratricida, isto é, por ser uma guerra entre irmãos e irmãs, é profundamente doloroso. O sangue que se derrama no território colombiano é uma célula da resistência antiimperialista, da resistência dos povos da nossa América. Essa guerra não pode ser vista pelos venezuelanos e venezuelanas como uma guerra alheia, como uma guerra estranha, não! É a mesma luta pela Pátria Grande; é a luta que levam a cabo os povos que despertam a cada cem anos.

Na medida em que na Colômbia se afiança o imperialismo e suas políticas, agiganta-se o perigo para as revoluções populares que têm como protagonistas os povos pobres e suas organizações sociais. Para que me entendam melhor, atrevo-me a retomar aquele Princípio exposto pelo Libertador Simón Bolívar: “Os elementos de uma de nossas províncias bastariam para conquistar a Venezuela e com a Venezuela se podia invadir todas as colônias Espanholas; Coro é a Caracas como Caracas é a América toda”, só que hoje no lugar de Coro está o governo pró-ianque da Colômbia e o papel do Império Espanhol é desempenhado pelos Estados Unidos e seus sócios Globais.

Por outro lado, devem entender também que a Cidadania, o Ser Cidadão como apropriação da identidade cultural, como a convivência coletiva dos Direitos de Representatividade Política, Poder de negociação de interesses, Direitos à Educação e ao Conhecimento, Direito a um ingresso digno e Direito à gestão própria como agente econômico e como Ator Social; na Colômbia de hoje, como conseqüência da aplicação das políticas descritas anteriormente, o Estado Burguês pró-oligarca não garante os Direitos eqüitativamente a todos os seus habitantes, o Direito à Educação, ao Conhecimento, ao emprego, a um ingresso digno foram negados para a maioria dos colombianos e colombianas; em lugar disso adotaram múltiplas formas de violências como complemento do selvagem Terrorismo de Estado.

Na Nova Granada, ser cidadão ou cidadã será obra de um Pacto Social para os Direitos Fundamentais que definem o cidadão e a cidadã como sujeitos, como portadores de direitos econômicos, sociais, civis, políticos e culturais. Uma imensa maioria de habitantes pobres teve que constituir a sua cidadania em meio a profundas desigualdades sociais econômicas e políticas; teve que construir cidadania nos espaços onde se negam e infringem os Direitos por meio da exclusão, da marginalização; como sujeitos submissos não-portadores de Direitos Humanos.

Além disso as políticas de guerra pela terra no campo colombiano somada à implementação das políticas neoliberais provocou grande deslocamento para as cidades desde a década de 1990. Nem as grandes nem as pequenas cidades colombianas podem oferecer aos camponeses oportunidades econômicas e trabalhistas, de progresso e de civilização; também não são seguras nem lugares onde se possa defender o único bem que lhes resta: a vida. Portanto, eles são empurrados massivamente à migração que na maioria dos casos, pela precariedade econômica, ocorre de forma irregular.

Uma diáspora de colombianos pobres corre o mundo, recorre à Venezuela; eles tentam lutar pelo seu Direito à Cidade na sua condição de cidadãos pobres, excluídos e sem reconhecimento de parte do suposto Estado de Direito que os expulsa e sem reconhecimento do Estado de Direito que os recebe.

Estes cidadãos e cidadãos pobres levam consigo a sensação moral de menosprezo, de injustiça, de invisibilidade social, de desonra, de raiva pela despossessão de Direitos; arrastam o estigma de ser vítimas ou atores do conflito armado ou que estão envolvidos com qualquer dos dois lados; isso permite que se generalize a idéia que não são pessoas de confiança por estarem associados com delinqüentes, e sua chegada silenciosa aos bairros da Venezuela é percebida com insegurança.

Se me fiz entender até aqui, então todos entenderão que a ajuda necessária é para fazer cidadãos e cidadãs conscientes, novos atores políticos; com Direitos à Cidade e à Cidadania, reconhecidos pelo Estado de Direito e Justiça, reconhecidos e reconhecidas pelos revolucionários e revolucionárias da Revolução Bolivariana.

Não se trata apenas de expedir um documento de Identidade, que é importante, mas não basta para o exercício da cidadania. Ajudem a produzir cidadãos e cidadãs com inclusão, diversidade cultural, respeito às diferenças e o reconhecimento da dignidade humana, Direitos e Solidariedade; isso existe no ambiente favorável da Revolução Bolivariana da Venezuela, hoje proclamada Antiimperialista e Socialista.

Ajudem a alcançar a realização de novas formas de reconhecimento econômico, social, cultural; rogo que para isso que o Estado, os Revolucionários, as Revolucionárias e suas Instituições não se debatam entre a atenção, a solidariedade, o internacionalismo e a negação a qualquer possibilidade de inserção social dos colombianos e colombianas pobres que foram obrigados a conviver em território Venezuelano.

Ajudem-nos a encontrar os espaços de socialização tradicionais como a escola, a universidade, a família, o trabalho, a política; os espaços de reconhecimento a propostas, idéias e aspirações. Ajudem-nos abrir novos espaços de socialização não tradicionais, a rua, a escada, a esquina que lhes liberarem, dêem respostas às exclusões a que estiveram submetidos e permita que eles se tornem cidadãos e cidadãs de primeira; cidadãos e cidadãs da América Latina com dignidade, Direitos Humanos, fonte dinâmica de criação e produção cultural.

Necessitamos tirar os colombianos e colombianas da despolitização, da apatia, da ausência de projetos de presente, de futuro; do trauma produzido pela guerra fratricida imposta pelo Estado Terrorista, mafioso e Paramilitar. Necessitamos de ajuda para criar cidadãos e cidadãs colombianos conscientes e capazes de apoiar a Revolução Bolivariana, apoiar ao povo venezuelano e a seu líder, Hugo Rafael Chávez Frías.

Necessitamos de ajuda para a criação de atores políticos jovens e capazes de reconstruir o tecido social colombiano feito em pedaços pelas políticas neoliberais, a injusta guerra e o Terrorismo de Estado.

Esses novos cidadãos e cidadãs deverão de forma consciente inscrever suas cédulas colombianas em todos os consulados da Colômbia na Venezuela para formar um poderio eleitoral, com o qual iremos, como nos tempos da Campaña Admirable, lutar pela criação da Nova Colômbia e a Pátria Grande.

Precisamos de ajuda para desconstruir as injustas instituições que só serviram para ampliar a brecha entre os ricos capitalistas e os pobres.

Precisamos instaurar na Colômbia um Novo Governo de Reconciliação entre os pobres, de Reencontro entre irmãos e irmãs. Oxalá é o desejo de todo o nosso coração dirigido à digna mulher colombiana e senadora Piedad Córdova, e ao lado dela um conjunto de homens e mulheres jovens e velhos lutadores como Juan Carlos Tanus, Cesar Estrada, Adis Rocha Pérez, Luciano León, Álvaro Ospino, os colombianos e colombianas na Venezuela numa só bandeira.

Ajudem-nos a tomar consciência, e isso se alcança nos espaços de inclusão e de participação protagonistas.

Na Venezuela as maiores necessidades dos colombianos e colombianas podem ser resumidas assim:
1. Necessidade do documento de identificação venezuelano, para não ser cidadãos ou cidadãs ilegais.
2. Necessidade da Unidade familiar.
3. Materiais de construção para os ranchos nas periferias das grandes cidades, onde se escondem com sua pobreza.
4. Necessidade de educação, cultura e esporte.
5. Necessidade de aprender a participar politicamente.
6. Necessitamos de ajuda para construir cidadania nos processos de deliberação e participação dentro da Venezuela.
7. Necessitamos de fazer escola na democracia venezuelana para depois participar conscientemente no processo de libertação pela Nova Colômbia, a única possibilidade que poderá garantir algum retorno.

Caracas Novembro de 2008.

O artigo encontra-se em ABP Notícias.